sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Valores no Mercado de Design

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Falar de valores em Design é sempre um assunto delicado por conta da falta de isonomia de custos que permeia o mercado brasileiro. Por exemplo faça uma experiência você mesmo: Experimente fazer um orçamento em cinco agências diferentes, cada uma em um estado diferente.

Não vou citar valores em reais, pois é o tipo de coisa que muita gente só acredita vendo um orçamento em mãos, mas em média você vai constatar que a agência que estiver na região Sudeste irá cobrar até três vezes mais que uma agência disposta no Nordeste e até duas vezes mais que uma que esteja alocada no Rio de Janeiro.

Lógico que há exceções e mais lógico ainda que estou considerando nesta análise agências de pequeno a médio porte e sérias. Se for considerar as aventureiras que passam qualquer valor só pra fechar, eu teria que escrever um novo artigo só sobre elas, tamanho é o problema que geram no mercado.

Pois bem, se as agências são sérias, o que acarreta a falta de paridade nos custos? Não se trata de diferença de qualidade, pois há agências fantásticas atuando no Nordeste. Não se trata de diferenças de custo de vida também, pois com certeza a diferença entre Norte e Sul do País não é de mais de 50%. se não é uma questão técnica ou econômica, o que seria?

Valor Cultural do Design

Um dos fatores é a percepção de valor que cada nicho cultural visualiza no Design. Isso é devido ao nível de concorrência local dos diversos tipos de mercado. Quanto mais as empresas precisam se destacar para conquistar sua fatia de mercado, mais investem em Design, Publicidade e Marketing. É o que acontece na cidade de São Paulo por exemplo, cada vez mais até mesmo as MPEs percebem que precisam de soluções de alta qualidade em comunicação para alcançar o consumidor e quem não investe fatalmente perde para a concorrência.

Quanto menos precisam realizar para manter uma fatia de mercado, menos investem proporcionalmente. Se esse quadro de não precisar se destacar de forma significativa permanece por mais de duas décadas, a percepção do valor do serviço se esvai por completo, pois a nova geração já entra no mercado de trabalho com a fé de que investir em comunicação não é uma prioridade. Pior que isso, os novos Designers já entram no mercado com uma percepção alterada do valor do próprio trabalho, numa espécie de cegueira de mercado digna de um conto de Platão. Isso pode ser visualizado em cidades que estejam mais ao norte do país, por exemplo.

Isso é um mero fator cultural, pois se trata única e exclusivamente de percepção de valor. O agravante que acaba somando à isso é a falta de uma instituição central que regule os custos e a qualidade de entrega. Sem isso, cada um se auto-regula de acordo com o permeia, se muitos clientes dizem que só vão pagar R$ 500,00 por um serviço, este passa a ser o valor do serviço, ignorando inclusive os custos de desenvolvimento deste.

E como resolve?

Dar valor a um serviço sem projetar seus custos é irresponsabilidade, porém devemos sempre considerar o mercado local e o macro ao considerar preços de serviços e produtos gerados pelo Design. Crie novas formas de comercialização, mas nunca perca o foco do real valor do seu trabalho!

Outra coisa que nunca deve ser esquecida é a metrificação correta do orçamento, existem diversas planilhas na internet que ajudam a calcular os custos de um Designer e o SEBRAE, pode ajuda-lo com isso também. Com isso é possível fornecer orçamentos realistas e bem fundamentados. Não se esqueça:  Caro é tudo aquilo que não entendemos o porque do custo.

Em último caso, se as barreiras culturais para a percepção do valor do trabalho estiverem muito fortes, não se esqueça que hoje em dia, você não está preso à um único mercado, tudo de que precisa é de uma conexão com internet e um bom portfólio e portas se abrem em qualquer lugar do mundo.

Para finalizar lembre-se, antes de reclamar dos clientes que não enxergam valor no seu trabalho, reveja você mesmo como se enxerga e valorize-se!



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